"Tudo tem um começo...!"

 E a história do algodão começa assim...


   Aqui mesmo no Brasil a muitos e muitos anos atrás, mesmo antes da chegada dos portugueses, tribos indígenas viviam felizes, caçando, pescando e utilizando a maniim( algodão em Tupi) para fazer redes, adornos e indumentária. O maniim, matéria-prima nativa dava-se aos montes por todas as regiões brasileiras, e os indígenas sábios conhecedores de pigmentos minerais e vegetais, tingiam os fios do maniim que eram fiados em fusos e teciam as redes, tudo de forma pura e linda como uma brincadeira de criança...




   Chegam os portugueses... e com eles os escravos; sofridos diante do horror do tráfico negreiro...porém com força, garra e muito conhecimento de técnicas de tecelagem e tingimento...


   Um frei iluminado de um olhar mais profundo chega a afirmar : “Pano faz-se de algodão com menos trabalho que o de linho e lã, porque debaixo do algodoeiro pode a fiandeira estar colhendo e fiando, nem faltam tintas com que se tinja.”


   Daí por diante a coisa se expande, o maniim, agora algodão, já é cultivado em várias regiões brasileiras, seus tecidos agradam a todos, pois é de extrema leveza para o clima tropical brasileiro; suas técnicas se espalham aos quatro, cinco ou seis cantos do Brasil, e logo chega a Europa...


  Porém um momento de LOUCURA abate esta tragetória... A louca, a rainha D. Maria I, conhecida mesmo como “a Louca”, manda destruir todos os teares existentes no Brasil, pois apenas os tecidos Ingleses deveriam ser comercializados nesta terra... E deportado seria quem não cumprisse!!!


   Bom mas como esta terra é de raízes persistentes; os escravos precisavam de vestes, e não precisava ser de linho, seda ou lã, as fazendas eram grossas, de algodão, que vestiam e enfardavam produtos...


   E assim na clandestinidade a história continua, principalmente na região mineira tecendo-se “panos para negros”... e “roupas de roça”...


   O fim ou a morte da história vem com a Corte e as amoreiras, incentivando cada vez mais e mais a mecanização, padronagens, , tecnologia mais tecnologia, consumo mais consumo,industria mais industria...e os valores culturais se perdem ao final da história... a “linha caipira” é substituída pela linha industrializada, os teares manuais substituídos pelos elétricos, as roupas sintéticas entram no mercado e junto com elas a degradação de nossos recursos naturais... a indústria incentiva o consumo desenfreado de produtos sintéticos sem preocupar-se com o impacto negativo sobre o meio ambiente, a desvalorização da mão de obra artesanal, diferenciando as mãos dos trabalhadores orientando a produção em massa, gerando a cada dia mais desigualdades sociais e problemas ambientais...


  Nossa historia recomeça bem aqui...nessa loucura de consumir sem pensar...